· 10° Encontro (01/10/2010):
Às vésperas do primeiro turno das eleições e diante do fato de que muitos de nós votaríamos pela primeira vez, realizamos o debate com o propósito inicial de analisar as propostas de cada candidato. Para tanto, analisamos previamente alguns vídeos e textos com alguns dossiês contra certos alguns candidatos e partes de debates dos quais estes participaram. Dentre os materiais previamente vistos tem-se:
- Dez falsos motivos para não votar na Dilma - http://luizmullerpt.wordpress.com/2010/08/02/dez-falsos-motivos-para-nao-votar-na-dilma-por-jorge-furtado/
- Plínio falando sobre Marina (debate Record) - http://www.youtube.com/watch?v=lXSd7XwPe_w&feature=topvideos
- Campanha contra Dilma pela internet - http://www.youtube.com/watch?v=j_HWHFrrkxg
- Dossiê contra Dilma - http://www.youtube.com/watch?v=n3xRnW22TVU&feature=related
- Porque o Brasil afundaria na crise se Serra fosse presidente - http://www.youtube.com/watch?v=Ig9pE6qwzxw
- Marina fala sobre ciência e religião - http://www.youtube.com/watch?v=j8i1-a0kq1E&feature=related
- Plínio fala sobre a imprensa - http://www.youtube.com/watch?v=k70omd_xK-4
Mesmo nesse momento de pesquisas, já foi notório o fato de que existe uma quantidade enorme de vídeos, correntes de e-mails e apresentações amadoras de power point que circulam na internet vinculando campanhas contra Dilma. A maioria destes tentando difamar e atacar a candidata em âmbitos pessoais, vasculhando sua vida e associando-a à corrupção, ao aborto e até a prática satânicas. Os vídeos e supostos “dossiês” a respeito do candidato José Serra são extremamente raros. Partindo-se do fato de que os eleitores de José Serra pertencem majoritariamente às classes média e alta da sociedade, e que são estas mesmas classes que possuem um acesso mais freqüentes à e-mails e produzem a grande parte dos vídeos amadores de teor político, podemos então considerar a internet como uma ferramenta eleitoral tucana do século XXI, eficiente o suficiente para disseminar campanhas políticas com velocidade e abrangência insuperáveis. Porém, o poder de persuasão dessas campanhas é tão grande quanto a sua inconfiabilidade. No mundo digital, as informações e provas perdem suas fontes e seus autores, sendo impossível a completa legitimidade de todos os fatos ou dados disseminados, embora nem todos os que repassam tais campanhas tenham consciência disso.
Enfim, tentamos convidar para o debate não só todos os alunos do colégio como também representantes dos principais partidos envolvidos nas eleições (PT e PSDB). Este último não possui representantes partidários na cidade e os deputados regionais filiados ao partido não puderam comparecer, visto que às vésperas da eleição tinham agendas cheias e não dispunham do tempo que necessitávamos para o debate. O PT possui representantes na cidade e, embora dispusessem de pouco tempo, dois destes vieram ao nosso debate.
Os petistas muito se orgulham do governo Lula, de suas conquistas diplomáticas no âmbito internacional, da superação da crise econômica, da fomentação eficiente do consumo interno, do desenvolvimento econômico promovido por seu governo, da aprovação quase unânime do presidente e acreditam, portanto, na Dilma como grande agente de continuação deste projeto e dessa orientação política que tem surtido efeitos positivos. Destacaram o apoio da maioria dos governadores com mais probabilidade de serem eleitos à eleição de Dilma. Os petistas nos informaram ainda que da existência de algumas correntes ideológicas dentro do partido, e que por isso nem todos os petistas concordam com a candidatura de alguns. Eles mesmos mostraram-se avessos à companheiros de partido como a família Prado e à candidatura de Hélio Costa para governador. Comentaram também que muitas das informações que correm a respeito da vida pessoal da candidata Dilma são calúnias e que esta possui uma história de vida bastante admirável e merecedora do cargo pretendido.
Deve-se destacar ainda o ufanismo comum aos petistas que discursam muitas vezes dando a entender que o país atingiu a perfeição nos oito anos do governo Lula, emergindo de um contexto prévio de terror protagonizado por FHC. Devemos lembrar e evidenciar que o desenvolvimentismo só foi possível por ter sido antecedido pela austeridade fiscal, pelo arrocho salarial e pelo pagamento de dívidas feito pelo governo tucano. Trata-se de conjunturas diferentes e, quiçá, complementares. Além disso, não é correto que se feche os olhos para as falhas do governo Lula, nem que se mascare certos fatos em detrimento de outros. Afirmaram, por exemplo, que no governo de FHC parte da já ínfima porcentagem do PIB destinada à educação ficava retida no Governo, em uma espécie de fundo monetário, para que esta fizesse os investimentos que julgassem necessários e que o governo Lula extinguiu esse fundo. Porém, omite-se também o fato de que Lula diminuiu a porcentagem de investimentos na educação.
Conforme pode ser percebido, assim como ocorre na maioria dos discursos sobre as eleições atuais, houve a comparação do governo FHC ao governo Lula. Embora essas eleições decidam os futuros quatro anos do país, as atuais discussões quase sempre recaem sobre fatos e discussões a respeito dos dois passados governos. O que não é negativo desde que os debates não se restrinjam a isso.
Eis um fato muito evidente que deve ser explicitado sobre as eleições 2010: discute-se o carisma de cada candidato, o partido e o histórico pessoal vinculados a ele, os governos que os antecederam. E pára-se por aí. Ou seja, em eleições estaduais e federais discute-se de tudo um pouco, com exceção das orientações e projetos políticos. Isto é uma lástima à democracia e política nacionais que se vêem entregues aos poderes do voto de analfabetos políticos.
Discutimos ainda que os projetos políticos apresentados pelos candidatos nos debates e horários eleitorais são extremamente genéricos, superficiais, pouco específicos, pouco esclarecedores e visam atender a interesses imediatistas das massas, em “compromissos”, ou melhor, promessas incabíveis à economia e à conjuntura nacional. Até porque, em meio às ofensas distribuídas por ambos os lados, resta pouco tempo e interesse à política efetiva. Neste contexto, ambas as propostas parecem muito parecidas, quando na verdade não são. A verdade é que está ocorrendo a contraposição de duas orientações políticas: o desenvolvimentismo e o neoliberalismo. Mas quantos realmente conseguem enxergar essa diferenciação ou ao menos saber o que significam tais correntes?
Os demais candidatos servem como válvulas de escape à população indecisa, desgostada ou descrente. Marina Silva (PV), por exemplo, embora tenha projetos pouco sólidos e quase nenhuma representatividade política no Congresso Nacional, tem conseguido uma enormidade de votos e crescido nas pesquisas, sendo a possível causadora de um segundo turno. Plínio (PSOL), não tendo a mínima possibilidade de ser eleito, surge como um agente de instigação de ambos os lados, falando, por exemplo, claramente nos debates aquilo que a população gostaria, “cutucando” os candidatos a fazer política como se deve. Este último candidato tem conseguido por isso alguns votos, que ainda assim não representam mais que 1% do total, mas que podem ser entendidos como protesto, embora ignorem mais uma vez sua orientação política basicamente socialista que não seria eficaz nem cabível ao Brasil, já histórica e culturalmente capitalista.
Agradecemos a presença dos representantes petistas e pretendemos realizar mais um debate, dessa vez mais aprofundado em projetos políticos, caso haja um segundo turno.
Participantes: Mateus Carrijo, Gabriela, Taciana, Nathália (segundo capa), Carol Evangelista, Thaís (primeiro capa),
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